segunda-feira, janeiro 25, 2010

Lágrimas ocultas














Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguêm as vê cair dentro de mim!
Poema de Florbela Espanca
Adoro-te Dione!

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